Vencendo o ciclo vicioso do jeitinho ou como dar um jeito no jeitinho brasileiro?
O jeito ou o jeitinho brasileiro, é a imposição do conveniente sobre o certo. É a "filosofia" do: se dá certo é certo; desde, é claro, que "dar certo" signifique "resolver meu problema", ainda que não definitivamente.asamento e família são dádivas de Deus para o nosso coração. No tocante ao plano de Deus para a instituição sagrada do lar, não faltam ignorância, apatia e hostilidade em nossa cultura. Quando Deus é tirado da posição de iniciador da instituição do casamento e da família, abre-se a porta para inúmeras interpretações humanas desses termos e conceitos.
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EDIÇÃO 170 - SETEMBRO/OUTUBRO 2019
Assim é o brasileiro: dá jeito em tudo. Sua versatilidade abrange um sem-número de situações: é o pára-lama do carro amarrado, em vez de consertar; são os juros embutidos no valor da prestação "fixa"; é o "dar um por fora"; é matar a avó pela quinta vez para justificar a ausência a uma prova, na escola; é “molhar” a mão do guarda rodoviário. Mas o jeitinho é também pedir a um médico amigo para atender uma pessoa carente ou para fazer uma cirurgia pela Previdência; é o revezamento dos vizinhos para socorrer uma pessoa doente; é conseguir um emprego para um pai desempregado.
O dilema está lançado! Que dizer, então, do jeitinho? Podemos fazer uso dele para resolver as questões do dia-a-dia? Será que todo jeito é desmoralizante, ilegal, burlador, inconveniente? Ou será que ele também pode ser criativo, solidário, benevolente?
Quando se fala no jeitinho brasileiro, a primeira coisa em que pensamos é esperteza, suborno, ambição. Embora essa não seja a única maneira de defini-lo, o lado negativo dessa prática tão disseminada em nossa sociedade é o que mais se evidencia nos meios de comunicação.
O jeitinho é um código secreto para a obtenção de vantagens pessoais e evitar caminhos pelas quais não desejamos passar. Basta apenas que algo dê errado ou tarde em ser solucionado, para pensarmos em como "dar a volta" e, assim, abreviar seu desfecho. Ele revela o desejo de não se prender às normas, mas sim de superá-las, subjugá-las. Suspende-se temporariamente a lei, cria-se a “exceção” e depois tudo volta ao normal.
Ao longo da história, o brasileiro seria, então, um anarquista, um fora-da-lei? Não. O brasileiro não nega a existência da lei, o que ele nega é a sua aplicação naquele momento. Simples assim. Justificamo-nos com todos os rigores da razão: se podemos pagar menos imposto de renda a um governo que não retribui adequadamente em benefícios sociais para seus contribuintes, por que fazê-lo? Por que pagar uma multa de trânsito – altíssima – se podemos dar um jeitinho de “adoçar” o guarda?
A corrupção, tema diariamente discutido na mídia escrita e falada, é outra faceta do jeitinho. Ela está presente quando uma empresa ganha uma concorrência por “baixo dos panos”, ou na "ajuda" ao fiscal para esquecer determinada lei, ou mesmo quando se encontra uma maneira para apressar um processo numa repartição pública. O jeitinho não se contenta apenas em transgredir a norma. Às vezes, pela própria transgressão da norma, é preciso encontrar uma saída para não haver punição. Neste caso há a união incestuosa entre o jeitinho e a corrupção.
O jeitinho-corrupção não é só brasileiro, mas encontra-se em todo mundo. No México chama-se “la mordida”, no Perú é “la salida”, nos Estados Unidos é o “pay off”, na Itália é a “bustarella”. O jeitinho é, portanto, universal. Está na natureza do ser humano em desejar “levar vantagem”, ser imediatista.
Mas nem todo jeitinho é negativo. A inventividade e a criatividade são algumas das facetas mais relevantes do seu lado positivo. O brasileiro possui uma alta capacidade de adaptação às situações mais inesperadas, que muitas vezes pode significar a diferença entre viver ou morrer, entre estar desempregado ou arranjar uma profissão alternativa para manter a si próprio e à família.
O jeitinho é também conciliador, permitindo que se crie uma solução favorável para uma situação a princípio impossível. É o caso do operário que "cobre" o outro em seu turno enquanto aquele participa de um curso no supletivo, para ganhar o tempo perdido.
Enquanto o lado negativo do jeitinho gera situações delicadas e comprometedoras da conduta ética, o lado positivo muitas vezes vem aliviar o brasileiro da vida oprimida que ele precisa vencer. E é aqui que se estabelecem os seus dilemas éticos. A inconsistência da ação governamental em áreas como as da saúde, transporte, educação, segurança pública etc. leva o cidadão a uma situação tal que não se sente estimulado a participar com o pagamento de impostos, se sentindo estimulado sonegar. Assim também no meio empresarial. Aqui temos um segundo passo numa espécie de círculo vicioso em que o próximo passo pode ocorrer quando um fiscal corrupto surge e aí vem o suborno. Para que a roda gire, temos o outro passo que é a impunidade. Sem recursos suficientes, o descaso se amplia e o descontentamento também, vem novamente a sonegação, a corrupção e a impunidade. No centro dessa roda está o jeitinho.
E então, o Brasil tem jeito? Necessitamos imediatamente interromper esse círculo vicioso, não apenas cidadãos e empresários, mas também o governo, as autoridades em todas as esferas. Necessitamos construir um país mais justo, com impostos mais justos, com negócios mais justos, com respeito. Para onde vamos caminhar se não rompermos esse círculo? Graças a Deus podemos dizer que hoje, com atuações como a Operação Lava-Jato, os avanços na economia do atual governo, apesar das oposições, já temos o vislumbre de um futuro melhor. Mas, muito mais ainda precisamos caminhar como povo, como empresários, como governantes, como políticos, juízes, para termos um país que possa de fato cimentar um futuro melhor. Preparar o futuro do país rtequer deixar de lado conveniências e buscar o bem de todos, a honestidade, dando, finalmente, um jeito no jeitinho.
LOURENÇO STELIO REGA
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Qualquer pessoa em sã consciência não investiria na mentira, pois como diz o ditado a mentira tem perna curta, mas o que podemos ver em nossos dias são pessoas acreditando mas na mentira do que na verdade.
Luiz Henrique de Paula